Descriminação

     Todos nós já devemos ter sentido isso, seja em relação ao que for. Connosco ou com ou outros.
     Vivemos numa sociedade de aparências onde o "Não faças isso! Parece mal!" É lei! Frases como "aquela pessoa de cor!", "vai para a tua terra", "estás mais gorda(o)", "coitadinho, é deficiente.", irritam a minha alma profundamente e geram uma espécie de ira incontrolável. "Dá-me licença que o esbofeteie?". Nesta sociedade vivemos então numa liberdade mascarada, fingida.
     Sou contra qualquer tipo de descriminação! 
Desde cedo aprendi a lidar com a diferença! Relembro, com os meus 4 ou 5 anos haver uma menina muito amorosa, pura! Diziam-nos apenas uma vez "brinquem com ela normalmente!". E era o que fazíamos! Sem qualquer tipo de obstáculo. Até ficarmos todos cansados! E assim foi ao longo da minha vida!
     Na escola primária tive contacto com todo o tipo de crianças. Da mais rica a mais pobre. Aprendi a ler, escrever, somar... mas sobretudo e o mais importante aprendi a não ver diferença na diferença! Naqueles quatro anos as minhas turmas foram maioritariamente de rapazes! Ao lado da minha extinta escola primária havia um colégio interno de rapazes, muitos deles da minha turma! Brancos e pretos! Ali só imperava a cor da inocência, do respeito mútuo! E éramos crianças! Relembro tudo com amor. No meu 4° ano na minha turma era apenas eu é outra rapariga. O restante? Rapazes! Não deixava de ser benéfico pois estávamos sempre protegidas, mas nunca me safava de ser guarda-redes!
     Chegada ao 5°ano as expectativas eram muitas! Nova escola, o triplo das disciplinas, novos colegas. Mal sabia eu que estavam prestes a começar os dois piores anos da minha infância/juventude! Senti pela primeira vez a maldade existente nas crianças (a meu ver, inteiramente por falta de atenção familiar)! Levei muita tareia! Ou por "namorar" o rapaz que toda a escola namorava. Ou porque um rapaz, com o dobro do meu tamanho, se lembrava de bater em tudo o que mexia. Uma vez a minha mãe chegou a escola e eu ainda tinha cinco dedos enormes marcados na minha cara! De outra levei tantos estalos em frente aquele suposto "segurança". Ai se o meu pai o tivesse apanhado...
     Só me defendi duas vezes. Já no sexto ano. Numa levei com uma porta na cabeça, na outra com um banco de educação física no pé. Óbvio que foi suspenso! Aprendeu? Nem por isso! Vinha de um convivo de anos em que éramos livres de ser tudo. Foi um choque!
     A mudança de escola foi a melhor. Nesse liceu andei sete anos! E posso garantir, foram os melhores! Tive a sorte de encontrar pessoas como eu! Diferentes! E que viviam perfeitamente com isso! Tive também a sorte de ter mentores à altura! Relembro uns mais que outros! E alguns tenho como exemplo de vida, e sou lhes eternamente grata.
     Nunca tive qualquer complexo comigo mesma. Deixei que a sociedade os desenvolvesse em mim! Tive imensos problemas com isso. Dentes tortos, gorda, com óculos e um metro e meio de altura, atingido e finalizado aos catorze anos! Sofri. Quanto mais me diziam para não comer, mais o fazia! E atingi os temíveis 84kg! Desde aí nunca mais me pesei! Faltava a coragem. O espelho passou a ser o meu inimigo numero um, as fotografias o número dois! Passei uma adolescência complicada, sempre mascarada com uma falsa alegria característica a todos os gordos! Foram anos de agonia anterior! Mas sobrevivi!
     A custo aprendi que a opinião dos outros não passa disso mesmo! E eu posso ser aquilo que quiser. O meu sonho é do tamanho do meu desejo e ambos são enormes! Respeito toda a gente. E sei que em cliché, a minha liberdade acaba quando começa a do próximo! Sou feliz! Sim continuo com um metro e meio, tenho óculos, dentes tortos, estrias, celulite. Sou refilona, teimosa, falo alto! Rio sem motivo e sonho acordada! Sim sou feliz! E profundamente grata pelo sabor da vida... amo a diferença!
     O amor é gratuito, dá saúde e é inesgotável! O amor tem o poder de fazer tudo! E o amor é isso mesmo, aceitar a diferença! Depois da vida somos todos feitos do mesmo, sem cor, tamanho, ou qualquer outra coisa que diferencie!

"O sonho da igualdade só cresce no terreno do respeito pelas diferenças." -Augusto Cury




Beijinhos e Sorrisos 
Telma de Oliveira 

Comentários

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